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Sentimentos contraditórios de quem passa a vida em festas, a beber, semconseguir parar, mas sabe que tem de mudar de vida (o abandono, a solidão e a dor causados por se sentir presa numa teia de vício).

Espaço fechado, de uma casa devoluta, despojada e fria, com indícios de uma vida familiar passada.

Inicia-se com ruído branco (junção de todas as frequências numa mesma potência), que provoca maior concentração na visualização do videoclipe:
– o espetador fica pronto para o consumo acrítico do videoclipe;
– em conjunto com a imagem, a música gera uma sensação de mistério que é preciso desvendar.

As primeiras estrofes exprimem sensibilidade, carência e mágoa por não se ser capaz de rejeitar o apelo constante dos amigos e o seu desejo de beber, sem parar: “Sou a quem se liga para a diversão / O telefone não para de tocar / estão a tocar-me à campainha / Eu sinto o amor, sinto o amor”.

Retrato de alguém que está só e carente mas que procura encorajar-se a mudar de vida.

A constatação de que não consegue libertar-se do vício, o que é simbolizado pelo copo sempre cheio.

Imagem de uma criança, simulando a nudez, que dança num equilíbrio instável e até perigoso, que aparece logo no início da letra.

Sugere-se que a cantora seja a própria criança (usa uma peruca igual ao cabelo da Sia) que dança, e que pode representar a pureza da infância, a que ela gostaria de retornar. Sia adulta está também presente, no quadro, por cima do colchão.

A voz nas duas primeiras estrofes, ao se apresentar roufenha, poderia ser produzida pela criança.

A canção tem também uma instrumentação muito leve – acompanhamento básico de sintetizador e bateria eletrónica.

A partir do refrão, pelo contrário, aparece uma voz forte, potente, de mulher adulta. O que pode levar a pensar, com o embalo da dança e da música, que aquele corpo de criança, consegue produzir aquele tipo de coreografia e de voz, podendo admitir meras ajudas virtuais.

Beber em excesso não é a solução, mas não consegue encontrar outra para reprimir aquela dor. “Eu vou viver como se não houvesse amanhã / como se não houvesse amanhã / Eu vou voar como um pássaro na noite / A sentir as minhas lágrimas enquanto secam / Eu vou-me balançar do candelabro / Do candelabro”.

A dependência, a vulnerabilidade, a pressão do grupo, uma incapacidade de concretizar a própria vontade, fugindo sempre pela alucinação trazida pelo álcool.

Aqui a criança bailarina transmite uma imagem de poder e controle, ao mesmo tempo que a letra diz: “Raparigas da festa não se magoam /
Não consigo sentir nada, quando vou aprender?
Eu reprimo, eu reprimo.”

A seguir, a coreografia dá a entender que a personagem afinal não é como as raparigas que descreve mas sim, carente e magoada.

“E estou a agarrar-me à doce vida / Não vou olhar pra baixo, não vou abrir os olhos / Vou manter o copo cheio até à luz da madrugada / Porque só me estou a aguentar por hoje à noite / Ajudem-me, estou-me a agarrar à doce vida / Não vou olhar pra baixo, não vou abrir os olhos
Vou manter o copo cheio até à luz da madrugada / Porque só me estou a aguentar por hoje à noite
Hoje à noite”

Durante as frases do refrão, os rodopios e piruetas de grande amplitude da bailarina indicam libertação do corpo.

Com a terceira estrofe, tais gestos param e, pela voz pequena utilizada no início da canção, há a teatralização da ressaca matinal.

Por hoje à noite / Porque só me estou a aguentar por hoje à noite / Oh, só me estou a aguentar por hoje à noite / Por hoje à noite
Por hoje à noite / Porque só me estou a aguentar por hoje à noite / Porque só me estou a aguentar por hoje à noite / Oh, só me estou a aguentar por hoje à noite / Por hoje à noite / Por hoje à noite